JW, é o novo nome do meu sítio. Escolhi este nome porque as palavras são a minha paixão, e este blog não passa disso, apenas algumas palavras que me dão o maior prazer e satisfação escrever.

06
Mar 11

Estava eu sentada naquele banco de jardim, quando lá ao fundo avisto uma estranah figura que se juntava a um grupo de raparigas. Esta estranha rapariga dona de uma triste beleza. Não era era igual às outras que seguia, não sorria nem falava. Não é fácil disfarçar uma grande tristeza, mas ela parece ser uma profissional. As outras dizem-lhe algo e ela finge um sorriso. As outras não fazem a mínima ideia da tristeza que ela carrega no coração. Não são amigas. De certeza. Dou por mim a pensar que gostava de conhecer aquela míuda. Parece um fantasma. Está viva mas tem a alma perfeitamente morta. Não tem vontade de viver, mas também não tem vontade de morrer. Penso que se fosse eu não iria conseguir aguentar tal farsa, não iria querer viver. Mas ela não. Ela ali está a seguir a sua vida, a seguir aquelas estranhas miúdas monotonas que nada dela sabem, segue-as como se nada fosse. Esconde as lágrimas dos seus olhos assim como a dor no seu coração.

Aquela míuda não me sai da cabeça e não consigo para de a observar quando a vejo passar com aquelas raparigas. Noto que a cada dia que passa a sua alma se perde mais. Há uma pergunta que está a dar cabo de mim! “O que é que lhe aconteceu?”. Claramente ela não está envolta numa tristeza profunda porque assim quer e tenho a certeza que não é algo que dura desde há muito tempo.

Estou a chegar ao meu banco de jardim quando reparo na sua estranha figura esbelta. Não estava  acompanhada, tinha a cabeça afagada nos seus joelhos. Estava a chorar a pobre coitada. Cheguei-me perto dela e nada lhe disse. Sem a conhecer, mas com a sensação de que aquela alma precisava de mim, pus-lhe a mão no seu ombro e instântaneamente ele se abraçou a mim caindo num choro compulsivo que durou imensas horas.

Não falei com ela, não lhe perguntei o seu nome nem lhe disse o meu, e quando parou de chorar aquela estranha rapariga abalou para nunca mais se cruzar na minha vida. Com ela levou a minha amizade e dela fiquei com um pouco da sua tristeza porque percebi o porquê de ter reparado na sua solidão. Porque eu mesma estava enterrada numa triste solidão profunda. Sem nada, sem um sorriso, sem uma companhia, apenas com a vontade de chorar e a dor no coração.

Sara António

publicado por Sara Rute às 00:02

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