Mais um dia difícil passa. Mais um dia sozinha. Mias um dia passado apenas na companhia dos meus medos, problemas e pensamentos.
Relembrando sinto-me grata por tudo o que já presenciei, por tudo o que já fizeram e não fizeram por mim ou a mim. Sou grata pelas amizades que vão e vêm. Pelas amizades que no final nos apercebemos que afinal não eram amizades porque se não, não tinham acabado. Sinto-me grata por ter feito algumas coisas mal, porque tive a oportunidade de aprender e de nunca mais fazer o mesmo.
Eu olho para um objecto que está no meu pulso que me foi deixado por uma pessoa muito importante para mim e chego à conclusão que nunca lhe disse que amava. O que aprendo eu com isto? Aprendo que só nos apercebemos que gostamos realmente de alguém quando as perdemos e, no final, não lhes dissemos que a amávamos. Então e aqueles que a quem sempre dissemos o que sentimos? Simples! Pode acontecer duas coisas: Uma. Pode sair da nossa vida e revelar-se a pessoa que não era e que afinal não gostávamos dela. Ou duas. Pode simplesmente ficar lá para nós. Abraçar-nos e dizer-nos com todas as letras que também nos ama e que ficará sempre por perto.
Eu? Eu não sou uma infeliz a quem a má sorte sorriu. Eu sou uma pessoa grata por ela me ter mostrado o seu sorriso lindo e falso. Porque graças a ela e a todas as suas armadilhas em que caí, hoje, sou alguém um pouco mais forte. Alguém que deixou de ser guiada por alguém, guiando-se apenas pela sua mente. Não deixando para trás o meu verdadeiro eu, nem os verdadeiros.
Outra coisa de que me apercebo é que mesmo todo o meio mundo sabendo de tudo o que se passa (sejamos sinceros, as histórias espalham-se. Mas infelizmente num efeito “telefone estragado”, tal como o jogo) ainda nos dizem: “qualquer coisa, estou aqui” ou algo do género. Agora sendo muito sincera, depois de tudo devo confiar? Não! Infelizmente sou incapaz.
Não me importo mais com o que pensam de mim. Não quero mais saber em que acreditam. Porque agora eu acredito em mim e em quem acreditou em mim. Porque agora a única coisa que interessa é sair deste buraco fundo e escuro em que me enfiei.
Posso estar a escrever palavras cheias de mágoa, mas estou com um sorriso na cara. Posso estar a ser ingrata para quem mostrou disponibilidade em ouvir o desabafo de uma coitadinha, mas não estou. Porque no fundo eu acredito na bondade inocente e falsa que se encontra no coração de todos nós. A vida é assim mesmo.
Sara António